"O som não permanece neste mundo; ele desaparece no silêncio."
Daniel Barenboim

quarta-feira, 28 de abril de 2010

TOSCA, Ato III

Tanto a segunda parte do primeiro ato quanto este terceiro ato, foram copiados da wikipedia. O dia amanhece em Roma. Do terraço do Castelo de Sant'Angelo vislumbra-se à luz cinzenta e vermelho-escura da manhã o Vaticano e a Basílica de São Pedro. A hora da execução se aproxima. Um carcereiro chega à cela de Cavaradossi e pergunta se ele quer ver um padre. O revolucionário esquerdista voltairiano responde que não. Ele tem, contudo, um último desejo: quer deixar uma última mensagem para uma pessoa amada. Em troca, oferece ao carcereiro seu anel, única coisa que lhe resta. Chegou a hora de E lucevan le stelle, hora em que as palavras perdem o seu poder de expressão. Suas últimas imagens do mundo, seus momentos felizes ao lado de Tosca. Tosca chega correndo com um papel na mão, acompanhada de um sargento que abre a porta da cela. Abraçam-se, beijam-se, o dueto de amor que se segue é cheio de alegria. Ela conta como deu morte a Scarpia. O dolci mani, ó doces mãozinhas, capazes de matar. Tosca lhe explica, contudo, que ele deve passar por um último ritual antes de escapar daquele inferno: a execução simulada. Sendo, como é, uma artista de teatro, ela sabe todos os truques cênicos, inclusive como cair sem se machucar. Instrui a ele para que não se levante enquanto ela não chamar. O carcereiro chega com os guardas e dizem a ele que está na hora. "Estou pronto," diz Mario. Os preparativos parecem levar uma eternidade, o nervosismo se apossa de Tosca; este é o último ato, a última coisa a fazer antes que possam escapar desse inferno. Mario é posto contra a parede. Atiram, ele cai. Vista de longe, a cena parece perfeita. "Como é lindo o meu Mario," ela exclama. "Que artista!" Os guardas vão embora, e ela se aproxima de Mario. Ao ver que ele está morto, solta um grito. O assassinato de Scarpia foi descoberto, correm atrás dela. Montada no parapeito do terraço, ela exclama: "Perante Deus, Scarpia!" e salta para a morte.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

TOSCA, Ato II

Uma das coisas que mais me impressiona neste ato de Tosca, além da beleza, é a extrema violência. Uma violência exercida em forma de chantagem, cheia de ironia. A moeda de troca pela vida de Cavaradossi é o corpo de Tosca, "por apenas alguns instantes". Scarpia desfia o seu veneno de forma magistral. Ele diz, por ex. : "Há um sabor muito mais forte a conquista violenta do que o melífluo consentimento." "Deus criou diversas belezas e vinhos diversos e eu vou saborear o quanto puder da obra divina..." Um homem totalmente inescrupuloso e um personagem maravilhoso. Tosca, mulher madura, livre, cheia de vida, artista é o grande desejo de Scarpia. Neste ato, ao abrir a cortina vemos o interior dos aposentos de Scarpia. Ele está jantando e aguardando o início da apresentação de Tosca. Chegam seus capangas com o pintor Cavaradossi, preso para interrogatório. Mario nega as acusações de Scarpia. Nisso surge Tosca que foi chamada por Scarpia. Ela se surpreende ao ver ali seu amado. Mario diz a ela para guardar segredo de tudo o que sabe a respeito do prisioneiro fugitivo. Mario é preso e Tosca, impedida de sair dos aposentos do chefe de polícia. Scarpia começa um interrogatório sedutor e Tosca vai se saindo muito bem, até que ele apela para os ciúmes. Tosca se descontrola e tem início um tour de force cheio de beleza e força brutal, onde são exigidos dos cantores as víceras! Tosca percebe que Mario está sendo torturado. Ouvindo seus gritos ela não suporta mais e diz que Angelotti, o prisioneiro, está escondido no poço do jardim da casa de Mario. Cessa a tortura. Trazem Mario praticamente desmaiado e o largam perto de Tosca. A única preocupação de Cavaradossi é saber se Tosca contou o segredo e ela diz: "no, amore, no". Scarpia, maldito, vira-se para o capanga e diz: "no poço do jardim, vá!" Mario junta o resto de força que lhe resta e se diz traído por Tosca. Nisso entram funcionários de Scarpia dizendo que Bonaparte venceu. Cavaradossi canta, então, "Vitória!!!" Curioso que este é um momento bastante esperado pelos amantes da ópera, pois o tenor enfrenta uma nota bem aguda sem qualquer intervenção por parte da orquestra ou outro solista; nos anos de ouro da ópera, os tenores ficavam o maior tempo possível sustentando esse agudo; a plateia, claro, vinha abaixo! Levam Mario para o cárcere e Tosca e Scarpia ficam sós. Aí então ele propõe a troca do prisioneiro por instantes de amor com ele. Tosca ameaça pedir clemência a Rainha. Ele diz: "Vá... a Rainha fará um favor a um cadáver... Como vc me odeia." E ela : "Oh, Deus", já despedaçada. "É assim que eu te quero!" grita Scarpia cheio de desejo. Soam os tambores. Eles param e Scarpia lembra a Tosca que a Mario não resta mais que uma hora de vida. Começa, então, a grande aria da soprano: Vissi d' arte. Tosca diz que sempre viveu da arte e do amor; nunca fez mal a nenhuma criatura. Sempre com fé sincera elevou a Deus suas preces e agora, nessa hora de dor, por que Deus a trata desse modo? Acaba a aria e Scarpia pergunta: "E aí?" Ela sede mas pede um salvo conduto para poder fugir com Mario. Scarpia começa a escrever o documento e ela se dirige à mesa onde ele jantava. Pega uma taça de vinho ao devolve-la à mesa, vê uma faca. Scarpia vem vindo. Ela pega a faca. Ele diz: "Tosca, finalmente minha!!!" e leva uma estocada no peito e outra. Tosca diz: " este é o beijo de Tosca" Scarpia morre. Tremendo, ela ainda pega os candelabros e os coloca em torno do defunto. Está pra sair e se lembra do salvo conduto. Está preso nas mãos de Scarpia. Ela puxa e o guarda. Olha mais uma vez pra Scarpia e diz: " era na frente dele que toda Roma tremia!" Abaixo a cena final do 2ºato com Maria Callas e Tito Gobbi.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

TOSCA, Ato I, 2ª parte

O sacristão entra na igreja com um bando de padres, coroinhas e membros do coro, fazendo algazarra e em grande alegria: parece que Napoleão foi derrotado. Vai haver uma grande festa esta noite, com fogos de artifício e uma cantata no Palazzo Farnese com Floria Tosca. Chega Scarpia, acompanhado de Spoletta e vários policiais. Interroga o sacristão: "Um prisioneiro de estado acaba de fugir do Castelo de Sant'Angelo. Está escondido aqui?" Neste instante, Tosca entra na igreja para avisar Cavaradossi que não poderá estar com ele esta noite devido ao espetáculo no Palazzo Farnese. Enquanto seus homens revistam a igreja, Scarpia dirige-se a Tosca. "Permita-me cumprimentá-la, madame, eu sou seu admirador," diz ele, beijando a mão da famosa diva. "Admiro suas virtudes. São raras as cantoras de ópera que vêm à igreja rezar. Pelo menos a Senhora não faz como certas damas, que entram na igreja para namorar pintores," diz ele, apontando para o retrato da Attavanti. "O que está dizendo?" indaga Tosca, atônita. "Tem provas?" "Por acaso isto é apetrecho de pintor?" diz Scarpia, mostrando a ela o leque com a insígnia da Marquesa Attavanti que encontrou no chão. Num instante, Tosca imagina a cena toda: Mario e a Attavanti se beijando, ela entra na igreja, a Attavanti foge, deixando cair o leque. Corroída de ciúmes, ela sai rapidamente da igreja, que começa a se encher de fiéis, bispos, padres, e um cardeal, para ouvirem um Te Deum que será cantado para celebrar a vitória contra Napoleão. Scarpia ordena a seus homens que a sigam.

terça-feira, 13 de abril de 2010

TOSCA, Ato I, 1ª parte

Interior da Igreja Sant' Andrea della Valle. Após os primeiros acordes da orquestra, abre-se a cortina. Música agitada. Entra Angelotti, prisioneiro político, fugitivo. De combinação com sua irmã, Attavanti, encontra a chave da capela da família. Esconde-se ao perceber a entrada do Sacristão, personagem praticamente comico e um pouco caricato. Reclamando de seus afazeres, o sacristão é surpreendido com a entrada de Mario Cavaradossi, tenor. Cavaradossi é pintor e está na igreja realizando um novo trabalho. O sacristão lhe oferece uma cesta com comida e vinho. Mario não aceita e começa a trabalhar. Tem início a famosa aria Recondita Armonia. Nesta aria, Mario faz algumas comparações entre sua pintura e Tosca. Termina dizendo que seu único pensamento é para a amada. Aplausos! Cavaradossi ouve barulhos e descobre que seu amigo, Angelotti, está ali. De repente ouve-se: "Mario!" É Tosca querendo entrar para ver o pintor. Cavaradossi entrega a Angelotti a cesta de comida deixada pelo sacristão e pede a ele que se esconda e deixe-o dispensar a amante. Indócil e tremendamente ciumenta, Tosca, soprano, entra pela nave procurando uma imaginária rival. Mario, sedutor, consegue acalmá-la até que Tosca reconhece na pintura de Cavaradossi, a figura da marquesa Attavanti. Outra cena de ciúmes! Mais uma vez e a bordo de uma das mais belas melodias de Puccini, Mario canta: que olhos, nesse mundo, podem ser comparados aos seus? Claro, Tosca se derrete. Enfim, após esse belo dueto, Mario consegue voltar sua atenção ao amigo Angelotti. No rápido diálogo, Mario ouve o nome de Scarpia. Este, temido chefe de polícia a quem todos temem, está no encalço de Angelotti. Soa o canhão do castelo! Descobriram a fuga do prisioneiro. A igreja não é mais segura. Angelotti pega roupas deixadas por sua irmã e deixa cair o leque com o emblema da família. Partem.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

TOSCA

Pra começar, indico duas excelentes gravações: o cd, com Renata Scotto, Placido Domingo, Renato Bruson e James Levine, é uma gravação vigorosa e cheia de poesia; o DVD é um registro maravilhoso da bela produção do Metropolitan Opera House. Cenários, figurinos e direção de cena de Franco Zefirelli. Imperdível. A regência precisa do maestro Giuseppe Sinopoli, dá o tom majestoso e cheio de nuances. Cornell MacNeill, grande intérprete do Barão Scarpia. A Tosca de Hildegard Behrens tem tudo o que é necessário à personagem. Há ainda o vídeo do segundo ato com Maria Callas. Esse é indispensável. A boa notícia é que esses registros são encontrados no youtube e eu devo postar alguns belos momentos nos próximos dias.

TOSCA, de Giacomo Puccini

A ópera TOSCA de Giacomo Puccini, estreará no Teatro São Pedro, na cidade de São Paulo, no dia 29 deste mês de abril. Trata-se de uma das mais belas óperas, uma história de amor e morte. É a minha ópera favorita, embora não possa cantá-la. Durante os próximos dias até sua estreia vou postar vários comentários, tentando contar a história e situar os amigos interessados. Tosca, de Giacomo Puccini Regência: Ligia Amadio Direção Cênica: Fernando Bicudo Apresentações: 29 de abril e 02, 04, 06 e 08 de maio