"O som não permanece neste mundo; ele desaparece no silêncio."
Daniel Barenboim

sábado, 28 de agosto de 2010

MUDANÇA DE ENDEREÇO

ESTOU MUDANDO DE ENDEREÇO E GOSTARIA DE VÊ-LOS POR LÁ. www.tocadopaulo.wordpress.com

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

POESIA

Dizer o que? Foto de Ansel Adams.

domingo, 25 de julho de 2010

FIM DE SEQUESTRO

Desde o dia de ontem por volta das 17:30, minha mulher e eu vivemos momentos de sequestro. Nos fundos de nosso prédio há um estacionamento que serve a uma escola de natação. Esse estacionamento foi utilizado para uma festa que varou a madrugada, nosso sossego e ouvidos. Acordo lá pelas duas da manhã e não consigo mais dormir até ver o sol raiar. Ouço todas as conversas do povinho que ali estava. A música tocada no aparelho de som era samba. Acredito ter ouvido "não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar..." umas oito vezes. O que mais me irritava, além do volume da música, era a voz de uma mulher. Devia ter em torno de 50 anos; provavelmente fumante; solteira ou descasada com toda a certeza, pois não há homem nesse mundo que consiga viver com aquela voz no ouvido. Eu que não acredito em inferno, gostaria que houvesse um especial só para acolhê-la. Neste inferno eu desejaria que ela estivesse sozinha e seu castigo seria ouvir eternamente a própria voz em gargalhadas como as que ouvi durante toda a noite. Bem, seis da manhã ouço a "santa" dizer pra outra que estava ao seu lado: "não vai não, já vai amanhecer!" Consegui dormir. Acordo, vejo minha corrida e, para meu desespero, a música recomeça. Reclamo com uma mulher que aparece ali no portão. Ela diz que avisou a vizinhança sobre a festa. E daí? Mas estava longe de acabar o sequestro. Agora, enquanto escrevo, ouço a risada da tal mulher, mas a música parou. Mas só agora, dez e cinquenta e nove da noite de domingo. Tudo indica que poderemos dormir em paz. Mas fico me perguntando por que será que precisamos ser invadidos tão descaradamente pelo desejo dos outros? Isso me lembra uma vizinha que tivemos: seus filhos gritavam o dia inteiro e ela, quando reclamávamos, dizia que eles precisavam aprender a lidar com suas frustrações. Ela esquecia que, enquanto eles lidavam com suas frustrações, nós pagávamos o pato.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

JOÃO MARCELLO BÔSCOLI SOBRE ELIS

Gosto do que João Marcello Bôscoli escreve. No último final de semana escreveu sobre sua mãe, Elis Regina. Falando sobre Elis, ele consegue traçar um perfil de como deveriam ser os artistas com A. Sigam com ele.

terça-feira, 6 de julho de 2010

PAPINHA PARA QUEM PRECISA

Tenho ouvido e lido comentários de alguns colegas do meio lírico que dizem que esse nosso país não respeita os bons artistas. Fato. Imagino que em todas as áreas da arte haja intolerância para com aqueles que fazem diferença/diferente. Gosto de citar o meu espanto ao assistir um vídeo dos bastidores de gravação de um cd com cantores populares bem famosos. Estavam todos ali, sentados, acomodados como se estivessem em suas casas (estivessem no banheiro seria igual), aprendendo a música de última hora, resolvendo quem faria o quê. Tive a curiosidade de ver o tal vídeo, pois sua música principal fez um sucesso estrondoso e instantâneo. Digo que, aos meus ouvidos, a música era (e é) uma merda. A melodia poderia ser feita por um imbecíl; a letra, de um "romantismo" infantil; os intérpretes... bem, esses pareciam estar em alfa, com voz nenhuma, sussurrando aquele absurdo. Na minha opinião, nosso país - falo do Brasil, mas esse é um fenômeno mundial - desaprendeu a pensar, a receber algo consistente e mastigar, mastigar; estamos no tempo da papinha. Quanto mais fácil for, melhor. O resultado é que para fazer músicas para pessoas medíocres precisa-se, apenas, de um compositor medíocre, de intérpretes medíocres. Letra... pra quê? É só colocar algo sobre o amor, mesmo que esse "amor" seja apenas uma bela palavra pra "sexo", e pronto: "Ah, a música é linda, a mais linda que já foi feita!!!" Até vir outra pior, claro. Por essa e outras razões os artistas não têm vez. Artista demora pra ser feito. Artista, quanto mais velho, melhor. A matéria prima do artista é a sua vida. A arte fala da vida a partir da vivência pessoal do artista. Esse tipo de gente, o artista, incomoda. E, no Brasil, incomodar é proibido. Quem incomoda é posto de lado. Me lembro de ter lido que o tenor Beniamino Gigli, no auge de sua carreira, foi questionado por uma criança sobre quanto tempo um cantor deveria estudar para cantar como ele. Gigli disse: "Eu acabei de estudar faz cinco minutos." É isso.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

JUAN PONS

Esteve por aqui o barítono espanhol Juan Pons. Apresentou-se no Teatro São Pedro acompanhado ao piano por sua filha Joana. Com sua grande experiência - algo em torno de 40 anos de carreira -, Pons deixou os amantes da lírica felizes. Assisti apenas à segunda parte do recital, que foi de canções italianas e árias de óperas. Lindo recital! A voz é bela mas isso não diz tudo. Juan Pons faz poesia. Posso dizer que foi um espetáculo mágico. Além da apresentação fez três masterclasses com cantores daqui. Tive o privilégio de participar. Ouvimos bons conselhos. Além da experiência, Pons demonstrou grande interesse e generosidade. Sua figura me lembrou de meu maestro na Italia, o saudoso Pier-Miranda Ferraro. Falei sobre isso com o sr. Pons que me disse ter sido, além de vizinho, um bom amigo de Ferraro. Fiquei feliz ao constatar que a semelhança, de certa forma, não era mera coincidência. Bravi, Juan e Joana Pons, e obrigado por tudo o que aqui deixaram.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

IBERÊ CAMARGO: ORIGEM E DESTINO

Acabo de ler o livro Iberê Camargo: Origem e Destino, da CosacNaify. Desde o primeiro contato que tive com sua obra, Iberê Camargo despertou meu interesse. Gaúcho de Restinga Seca, resolveu ser pintor. Durante toda a vida foi fiel a seus pensamentos e sentimentos artísticos. Não é a toa que seu trabalho dispensa assinatura. O livro, escrito de forma simples e envolvente por Vera Beatriz Siqueira, é uma pequena biografia do pintor e seu trabalho, não se detendo em detalhes de sua vida que não sejam relacionados à pintura.