"O som não permanece neste mundo; ele desaparece no silêncio."
Daniel Barenboim

segunda-feira, 22 de março de 2010

FRANCO CORELLI

Franco Corelli nasceu na cidade de Ancona em 1921. Iniciou sua carreira no final dos anos 40 e teve seu auge nos anos 1960. O que dizer de Corelli? Bem, ele é o meu tenor favorito. Sua voz sempre me emocionou, não apenas pela beleza e potência inegáveis, mas pela emoção e doçura expressas em cada nota. Era um homem bello. As mulheres o amavam independentemente do que e de como cantava. Contam que, em viagens, Corelli precisava ficar com um andar de hotel só para si; isso por causa das mocinhas que teimavam em se esconder em seus aposentos. Apesar da voz beijada por Deus e da beleza física, Corelli sofria de um mal inconveniente: pânico do palco. No vídeo que escolhi é possível vê-lo se postando no palco com uma feição de alívio. Ch' ella mi creda, a aria escolhida, aparece já no meio do concerto, e só ali, Corelli, mesmo tendo sido aplaudido entusiasticamente nas arias anteriores, consegue relaxar. Graças a um dos seus cancelamentos, Placido Domingo estreou no MET. Estando em Milão, onde Corelli morava, encontrei seu nome na lista telefônica. Liguei. Ele atendeu. Eu disse quem eu era e pedi uma aula. Ele marcou para o domingo seguinte. Fui até lá e conheci aquele homem. Uma emoção ímpar. Corelli me ouviu. Me ensinou algumas coisas. Mas, acima de tudo, colocou pra fora uma dor enorme ao falar de Mario del Monaco. Falava com a voz embargada, voz de quem sentiu tremendamente a perda do colega e amigo, e com a dor de quem se sabia o próximo. Poucos anos depois morria o grande Corelli.

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