"O som não permanece neste mundo; ele desaparece no silêncio."
Daniel Barenboim

sábado, 29 de maio de 2010

"A MORTE DA VOZ HUMANA"

Este é o título do artigo publicado no Estadão de hoje, 29 de maio, no Caderno C2+música, por João Marcelo Bôscoli, aqui. Ele fala de softwares como o auto-tune. Esses programas, criados nos anos 1990, garantem ao suposto cantor e suposto artista, a afinação adequada das músicas interpretadas. Assim como o photoshop, corrigem as imperfeições das vozes dos ditos cantores. João Marcelo fala do uso desenfreado desse recurso como a "falência da meritocracia". Concordo com ele e vou um pouco mais além. O fim, não da voz humana, mas da capacidade de enfrentar as dificuldades, de vencer as barreiras técnicas impostas pela arte de cantar é visível desde muito. Não apenas no canto mas nas artes de um modo geral. Estamos no tempo da mastigação fácil. Não só a feitura da arte, ou melhor, da dita arte precisa ser imediata, como também, sua assimilação, instantânea. É comum receber alunos que "precisam aprender a cantar pra gravar um cd na próxima semana". Já ouvi de um maestro, que eu não precisaria me preocupar com as questões técnicas de determinado cantor pois "o microfone daria o jeito necessário". Onde é que estamos? Como resultado, temos inúmeros "artistas" que nascem e, graças a Deus, morrem assim como nasceram, instantaneamente. Outros, com o apoio da grande mescenas de nosso tempo, a mídia, sobrevivem e ajudam nosso povo a ser mais alienado. Salvo raros e honrados artistas, a maioria, quando em shows "ao vivo", aproveitam-se de outro recurso eletrônico chamado playback, que os dispensa de cantar. E assim vamos.

Um comentário:

Eliane Accioly disse...

Querido Paulo,

adorei a vsita e o artigo "A Morte da Voz Humana". Sua visita me captou, estou estudando Matisse olhando suas pinceladas, deixando-me impregnar e usando pinceis, tintas, cores e telas. É algo que você compreende, com meu colega na oficina de SF.

Quanto à Voz Humana, é isto que você trouxe, com sua profundidade sempre sutil, e para meu interesse e paixão. Nada me interessa mais que a voz humana. Um dia conversamos ao vivo.

Grande beijo,

Eliane