"O som não permanece neste mundo; ele desaparece no silêncio."
Daniel Barenboim

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

(L) IMITAÇÃO NOSSA DE CADA DIA

Sandálias, cabelos, peitos e tantos outros acessórios são, todos os dias, copiados e re-mostrados por aqui e por ali. O que deveria ser uma opção pessoal, virou modismo. O que deveria ser natural, agora tem marca. Digo isso porque recebo algumas pessoas que querem cantar como a Amy Winehouse , como a Sandy e por aí vai. Depois de dizer pra pessoa que pra cantar como fulano ela deveria ter nascido como ele, as caras de decepção são inevitáveis. Que difícil ser vc mesmo! Engraçado mesmo é quando o que quer imitar outra pessoa, tem uma voz bem melhor - o que não é raro - que a pessoa invejada. Essa é uma situação constrangedora. Esse achatamento das possibilidades individuais e únicas do ser humano é um dos grandes males que sofremos. No caso da voz me parece algo gravíssimo, pois ela é única, como único é o seu proprietário. A voz é como uma impressão digital. Cada um tem a sua. Não dá pra imitar sem se perder. "Quero imitar fulano porque gosto da música que ele canta". Ok, mas pra isso vc pode cantar com sua própria voz. Não serve. Tem que ser igual a ele. E por aí vai. Porque o cantor objeto da imitação é famoso, faz sucesso, toca na novela, ele está certo, e a opinião do outro, no caso o professor, não conta. Como se não bastasse o desejo de imitar a voz, deseja-se imitar, também, a interpretação. Essa então é outra longa história. Eu ia encerrar dizendo que "nesses casos só rindo mesmo!", mas preferi dizer que é foda.

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